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domingo, 11 de dezembro de 2011

Presidente do Conselho Municipal de Educação de Bom Jesus do Norte fala sobre educação, diversidade etnico-racial e relações raciais na escola.

ENTREVISTA:

As relações étnico-raciais são um desafio para a política educacional  no Brasil, tendo em vista  que racismo, discriminação e preconceito, sobretudo em relação aos/às negros/as, estão presentes no cotidiano, no meio familiar, comunitário e escolar.Uma relação entre brancos/as ne negros/as historicamente marcada pela desigualdade , inclusive no que diz respeito ao acesso à educação e à formação escolar.Um quadro que persiste na contemporaneidade, muito embora  , como resposta às lutas empreendidas pelo Movimento Negro e outras frentes  militantes dos movimentos sociais brasileiros, o governo tenha inserido na política educacional as ações afirmativas, que se objetivam nas cotas reservadas aos /às estudantes negros nas universidades públicas .
Na atualidade, o grande desafio posto à educação é o cumpriemnto da obrigatoriedade do Ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira e Africana nas instituições de ensino fundamental e médio, determinação constante nas Diretrizes Curriculares Nacionais, desde 1997, regulamentadas pelo Ministério da Educação, referendada pela Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNPE/CP1/2004).
As dificuldades de efetivação desta medida, segundo os pesquisadores das temárticas relacionadas às relações raciais no país, dizem respeito não somente aos educadores, mas aos educandos, tendo em vista as construções culturais que sedimentam opiniões, posturas preconceituosas, e a timidez em se abordar em sala de aula uma “questão delicada”.
A professora Elisabeth Andrade Teixeira Rodrigues (33 anos) que assumiu recentemente a Presidência do Conselho Municipal de Educação em Bom Jesus do Norte, fala aos/às blogueiros, bloguistas e seguidores do blog setodosfossemiguais, sobre estes desafios sobre as possibilidades de sua superação, bem como sobre as potencialidades e responsabilidades do Conselho Municipal de Educação, na fiscalização e controle social da política educacional local.
 Graduanda em Pedagogia, pelo Instituto Superior de Educação (ISE-FAETEC), com especialização em Gestão Escolar, atua como gestora de alguns programas federais, como a Frequência Escolar (Programa Bolsa Família); Educacenso (INEP-Censo Escolar) e Telecentro Comunitário (Programa do Minist. das Comunicações) assim como membro de alguns conselhos na Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Bom Jesus do Norte-ES. Atualmente especializando-se em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça, está inserida no Pólo de Bom Jesus do Norte, do Núcleo de Educação à Distância da Universidade Federal do Estado do Espírito Santo-NEAD/UFES. A professora é membro do Grupo 3 do Curso GPPGeR e é co-fundadora do Blog setodosfossemiguais.

1. Elisabeth, em primeiro lugar o Grupo 3, seu grupo de estudo, a cumprimenta em nome dos cursistas , tutores e coordenadores do Curso de Gestão em Políticas Públicas em Gênero e Raça, manifestando orgulho  e  expectativa em tê-la à frente do Conselho Municipal de Educação.
ELISABETH: Obrigada pelo carinho de todo o grupo em relação a minha pessoa, e gostaria de manisfestar a alegria que sinto em estar inserida neste grupo acolhedor e neste curso tão enriquecedor de informações.

2. Quais são as suas expectativas, tendo em vista as responsabilidades que assume, em relação o controle social desta política educacional em Bom Jesus do Norte, à fiscalização dos cumprimentos de normas e diretrizes de modo geral?
ELISABETH: Como trabalho direito com a Secretária Municipal de Educação, a Senhora Maria Angélica de Oliveira Baptista, que por sua vez é super comprometida com a educação do município, tenho acesso as informações referente ao regimento das escolas municipais, bem como do seu funcionamento e sobre o trabalho dos demais funcionários desta Secretaria, pois trabalhamos em equipe.

3. O sistema educacional de Bom Jesus do Norte implantou as Diretrizes Curriculares que torna obrigatório nas escolas de ensino médio e fundamental, o Ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira e Africana?
ELISABETH: Já trabalhamos com este tema há alguns anos, porém através dos temas transversais e como projetos. Nas escolas municipais, esse trabalho é feito do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, pois no município o ensino médio é oferecido na escola estadual. Do 1º ao 5º ano, esse ensino é através dos temas transversais com um único professor para todas as disciplinas, já do 6º ao 9º ano, é o professor de história que transmite essa cultura afro-brasileira e africana através de projetos ao longo do ano letivo, e os demais professores o transmite através do processo multidisciplinar. Mas estamos no processo de elaboração do PAR (Plano de Ações Articuladas) que foi estruturado em quatro grandes dimensões para 2012:
  • Gestão educacional
  • Formação de professores e profissionais de serviço de apoio escolar
  • Práticas pedagógicas e avaliação
  • Infraestrutura física e recursos pedagógicos
E este plano irá trazer melhoriais para o município em todos os níveis.

4. Com o Conselho Municipal de Educação pode contribuir para a que o projeto pedagógico do sistema educacional bonjesuense incorpore a perspectiva educação/ diversidade etnico-racial, desenvolvendo-o, de modo transversal e integrado às diversas disciplinas, nas escolas locais?
ELISABETH: Como o Conselho é formado por pessoas de várias áreas, irá contribuir para melhoria da gestão democrática, bem como para melhoria da escola pública.

5. De que modo a inserção em um curso de especialização, que aborda as questões raciais, as desigualdades de gênero, raça e sexo, dentre outras “questões delicadas”, alteram a sua prática profissional, as relações com os alunos e a sua atuação à frente do Conselho de Educação?
ELISABETH: Ajuda muito, pois com a teoria posso contribuir para elaboração de planos de ação, projetos e seminários sobre as diversidades e desigualdades nas escolas e ajudar professores a trabalhar com esses assuntos, que são os temas transversais.

6. Que ações pretendem desenvolver voltadas à mobilização de gestores, conselheiros, professores e estudantes para o aprimoramneto das Diretrizes Curriculares já destacadas e outras ações de combate ao racismo nas escolas de Bom Jesus do Norte?
ELISABETH: Além das mencionadas acima, contagiar todo o Conselho a respeito desse assunto para que juntos possamos evidenciar a cultura e a história Afro-Brasileira e Africana, através de projetos, junto aos professores, para que desenvolvam as ações na escola.

7. Poderia indicar algumas parcerias locais, possíveis, para os fins propostos?
ELISABETH: Sim. Secretaria Municipal de Assistência Social, algumas Igrejas locais e Grupos Afros de Bom Jesus do Itabapoana-RJ.

8. Considerando sua experiência como educadora e o novo encargo na política pública de educação, é possível estar otimista em relação ao potencial da educação e do educador para a promoção da igualdade racial?
ELISABETH: Sim. Mas é preciso começar com a educação infantil essa visão multicultural para que o preconceito racial seja eliminado de nossa sociedade.

9. Agradecemos sua abalisada contribuição, observando que nós, seus colegas e cursistas estamos confiantes de que seu trabalho à frente do Conselho Municipal será capaz de promover alterações necessárias no meio educacional, com repercussão para a sociedade.
ELISABETH: Eu que agradeço a confiança depositada e ao grupo em especial pelo companherismo.

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