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segunda-feira, 18 de julho de 2011

A ESSAS E TANTAS OUTRAS ...



Essas que se embrenharam mata adentro e se negaram aos colonizadores e as que colaboraram com os colonizadores e casaram com eles; essas que embarcaram ainda crianças e as que ultrapassaram os limites da chegada; essas que levaram chibatadas e marcas de ferro quente e as que se revoltaram e fundaram quilombos; essas que vieram embaladas por sonhos e as que atravessaram nos porões da  escuridão; essas que geraram filhas e filhos e as que nunca pariram, essas que acenderam todas as espécies de velas e as que arderam nas fogueiras; essas que lutaram com armas e as que combateram sem elas; essas que cantaram, dançaram, pintaram e bordaram e as que só criaram empecilhos; essas que escreveram e traduziram seus sentimentos e as que nem mesmo assinavam o nome; essas que clamaram por conhecimento e escolas e as que derrubaram os muros com os dedos; essas que trabalharam nos escritórios e fábricas e as que empunharam as enxadas no campo; essas que ocuparam, ruas e praças e as que ficaram em casa ; essas que quiseram se tornar cidadãs e as que imaginaram todas votando; essas que assumiram os lugares até então proibidos e as que elegeram as outras; essas que cuidaram e trataram dos diferentes males e as que adoeceram por eles; essas que alimentaram e aplacaram os vários tipos de fome e aquelas que arrumaram a mesa;essas que atenderem,datilografaram e secretariaram e aquelas que lavaram e passaram sem conseguir atenção; essas que doutoraram e ensinaram e as que aprenderam com a vida; essas que nadaram, correram e pularam, e as que sustentaram a partida; essas que não se comportaram bem e amaram de todas as  maneiras e as que fizeram sem pedir licença; essas que desafinaram o coro do destino  e as que com isso abriram as alas e as asas; essas que ficaram de fora e aquelas que ainda virão;essas e tantas outras que  existiram dentro da  gente e as que viveram por nós.(SCHUMAHER&BRAZIL,2000:16)

O discurso de luta não se opõe ao inconsciente: ele se opõe ao segredo. ( Michel Focault)

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